Por que escrever é um ato de escuta

Escrever é muitas vezes visto como um ato de fala: colocar palavras no papel, expressar ideias, compartilhar pensamentos. Mas, se olharmos de perto, escrever é antes um ato de escuta — escuta do mundo, das vozes interiores e do próprio ritmo da língua.

Quando você se senta para escrever, não está apenas ditando sua vontade ao texto. Está aprendendo a perceber o que quer realmente emergir, a ouvir os ecos de ideias que ainda não tomaram forma. Um personagem, uma frase ou um conflito surgem primeiro no silêncio interno, e cabe ao escritor captar essa vibração.

Escutar o mundo: observar pessoas, conversas, gestos, sons e silêncios fornece material para criar uma narrativa rica e viva. As histórias não surgem do nada; elas

são respostas a impressões, experiências e sentimentos que já habitam seu entorno.

Escutar a si mesmo: muitas vezes, a maior dificuldade na escrita está em distinguir a voz do autor da crítica interna ou das expectativas externas. Escutar-se é perceber o que move a escrita sem julgamentos imediatos. É anotar o que surge, deixar fluir e só depois organizar.

Exercício prático:

1. Reserve 10 minutos para escrever sem pensar em coesão ou correção.

2. Apenas anote o que você percebe: pensamentos, sensações, imagens ou palavras soltas.

3. Releia e sublinhe aquilo que realmente parece ter “vida própria”.

4. Pergunte-se: o que esse material me revela sobre o tema ou história que quero escrever?

Escrever como ato de escuta é, portanto, preparar a mente e o corpo para receber, em vez de apenas impor. É deixar que o texto nasça de um diálogo silencioso entre você e o mundo

Se essa ideia de escrever como um ato de escuta ressoou com você, saiba que existe um caminho inteiro para aprofundar esse processo.

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